Ritmo lento, mas no caminho certo

Ontem fechou uma semana de pessoa bem comportada e fui encarar a balança. Melhorei a postura e ela me deu 2 cm a mais, o que achei lindo. Mas só apresentou 400 gramas a menos, o que não achei muito bonito. Esperava 1 quilo a menos, mas tudo bem, o importante é ter diminuído. Pensando que agora a proposta é diferente: comer menos e melhor, mas sem contar pontos e sem stress, foi um bom resultado. Na semana passada andei pouco de bicicleta, só meus passeios diários até o super, que fica a 5 ou 6 quadras de casa e fiz meu querido pilates. Mas nessa semana comecei a mil, andando de bike pelo parque. Só não fui hoje de manhã porque estava chovendo. Mas agora abriu um sol e se continuar seco no final da tarde dou minha volta no parque.

bike

Resolvi não contar pontos para não correr o risco de enjoar e parar de contar, como já aconteceu várias vezes. Comer melhor e em menos quantidade é a ordem. De tudo um pouco e com muito tererê, assim eu vou.

Gordas?

Meninas que trabalham na redação da revista Glamour querem emagrecer até o verão. Até aí tudo bem. O problema é que elas não tem o que emagrecer, principalmente a que esta no meio da foto, que, pelo que está escrito na matéria, quer sumir do mapa. Literalmente. Porque uma pessoa querer vestir 34/36 não sendo modelo é loucura ou anorexia.

A da direita quer tirar a pochete e diminuir os braços. Só tenho uma coisa para dizer: teu braço é fino, baby. Já o meu, nem quando cheguei a quase menos 13 quilos ele deu sinais de que queria ser magro. Fique feliz que ele é normal e sempre tire fotos com ele longe do corpo. Pronto. Agora é só relaxar.

Já a menina da esquerda quer perder 12 quilos e ficar com míseros 47. A impressão que tenho é de que a cada dia mais as mulheres querem ficar com peso de meninas de 12 anos.

O link do Projeto Verão Glamour está aqui para quem quer saber mais do desserviço que uma revista de moda pode fazer para um mulherio desesperado para secar e colocar um biquíni.

Dieta de fome

Minha enteada, a Nathália, tem 13 anos e está fazendo dieta com uma nutricionista. Ela está passando as férias lá em casa e ontem encontrei o cardápio na porta da geladeira. Fiquei morrendo de pena da menina. A dieta dela é muito light para uma adolescente e que está em início de sobrepeso, ou seja, não é gorda, é fofinha grau 1 no máximo. Tudo bem que foi feita por uma nutricionista e eu sou leiga no assunto, mas achei muito fraquinha e sem nada de bom para comer (como viver sem um Creamy Light, sem uma Trakinas Mini?). O lanche da tarde tem duas edições: uma com uma banana e uma fatia de mamão (nada da liberdade dos ProPontos) e a outra com um pacotinho de Club Social. Eu troquei o Club Social por uma bolachinha similar da Nestlé que é integral e tem menos gordura, mas não como muito porque não me sacia. Se não sacia uma mulher de 38 anos, imagina uma menina de 13 com o metabolismo a mil. O único açúcar da dieta é uma colher de sobremesa de mel no café da manhã. O resultado desse menu de spa é que a Nathália outro dia foi ao Zaffari comprar Nutella, que ela devorou quase toda no mesmo dia, mas deixando as bordas do pote preenchidas para fazer de conta que não comeu (sou gordinha e conheço todas as táticas!). Eu não compro nem Nutella e nem doce de leite porque não levo o demônio para dentro de casa, ainda mais se o bicho se come de colher. Nutella só em Paris e doce de leite só em mini saquinhos.

Sabe qual vai ser o resultado da dieta da enteada? Nathália vai emagrecer (se parar de comer Nutella), chegar ao peso e largar a dieta, engordando tudo de novo. Se ela morasse lá em casa, e não em Horizontinha, levava comigo nas reuniões do Vigilantes. Comeríamos Trakinhas Mini juntas. E nada de Nutella, o demônio marrom.

Vai dormir, gordinha!

O assunto da última reunião de Vigilantes foi o que podemos fazer para não sucumbir à fome emocional, mais conhecida como a gordinha que mora dentro de mim. Aliás, na semana passada ela abriu a guarda para mil folhas (as melhores do mundo ficam a poucas quadras da minha casa), um coquetel com espumantes e salgadinhos (poxa, era Dia da Mulher, né?!) e à minha galeteria preferida. Tudo isso aconteceu de quarta à domingo e me trouxe um quilo a mais, mesmo caminhando direitinho. Na hora do paredão da balança não me preocupei muito, mas foi só sair da reunião para colocar a domesticação da gordinha interior (já disse que não existe ex-gordo, mas sim gordo emagrecido?) em prática.

Dizem minhas colegas do grupo que a fome emocional é como a fissura para o drogado: tem que se distrair por 30 minutos que passa. Então meu tema de casa para essa semana é controlar a gordinha por 30 minutos. No sábado e domingo, que são os piores dias, comi churrasco e pizza e bebi espumante, mas gastei só 10 pontos extras, bem menos do que consumia no final de semana. Dessa vez comi de tudo um pouco, bem controlado, e a gordinha não se manifestou. Ontem à noite ela pediu dois quadradinhos de chocolate, mas começou o Big Brother e o bicho se aquietou.

Agora mesmo a gordinha tá chamando, mas vou publicar este post que ela vai embora.

Não, obrigado. Não, não posso.

Na verdade eu posso comer, mas quando penso o número de pontos de cada coisa que me oferecem, a melhor resposta é “não posso”. Porque “não quero”, por mais que seja verdadeiro, as pessoas entendem como grosseria.

Vou criar um workshop de como tratar pessoas em processo de emagrecimento. Nem falo em dieta porque essa palavra transmite algo frágil, que pode se quebrar a qualquer momento. Eu mesma já quebrei essa palavra muitas vezes. Prefiro dizer que estou em processo de emagrecimento, o que equivale a uma desintoxicação para um drogado. Parece forte a comparação, mas não é. Veja o diálogo abaixo, ocorrido no final de semana na casa de pessoas que gostam de mim.

Quer cuca?

– Não, obrigada.

– Nem um pedaço?

– Não posso. Já estou comendo meu Pão Leve.

– Tem pão de milho, Raquel. Prova, está muito bom.

– Não posso. Se eu como Pão Leve, não como pão de milho. Se eu como cuca, não como nem pão e nem meu iogurte light.

– Tem doce para passar no pão. Morando, goiaba, figo…

– Já estou comendo uma porção quase transparente da geleia de morango, obrigada (esqueci de levar meu doce light de goiaba).

Esse diálogo foi repetido várias vezes com outros tipos de alimento (todos bem pontuados), até que uma hora fiz uma comparação da minha situação em processo de emagrecimento com a de um alcóolatra: “Quando um alcóolatra está se tratando não se oferece bebida com álcool.” Ficaram quietos por aquele momento e meu namorado falou: a Raquel já emagreceu 8 quilos comendo desse jeito. Momento quieto e sem nenhum “que legal, parabéns”. Aquilo não fazia a menor diferença para eles.

O mesmo tipo de diálogo “quer isso, quer aquilo” surgiu mais algumas vezes no final de semana. No almoço de domingo, meu namorado interveio quando foi dita a famosa frase “não se faz dieta no final de semana”. Se faz, sim, dieta no final de semana, ele respondeu antes de mim. Obrigada. Pelo menos uma pessoa sabe o que estou passando.

Emagrecer é um processo que exige muita paciência. Para dizer não muitas e muitas vezes para nossas escolhas e para as escolhas que as pessoas fazem por nós.